Transformações na estrutura familiar, passando de famílias extensas para nucleares e monoparentais, refletem mudanças sociais e históricas.
Abordagem interdisciplinar que considera sociabilidade, poder e subjetivação na análise da família ao longo da história.
Evolução da família ao longo da história: da família pré-moderna à contemporânea, refletindo mudanças nas estruturas e dinâmicas familiares.
Patriarcado e hierarquia de gênero: a família pré-moderna era estritamente patriarcal, com poder exclusivamente masculino, refletindo normas sociais e de poder da época.
A importância da família pré-moderna centrada no poder do pai e no trabalho econômico, além da concepção das crianças como adultos em miniatura.
A mudança na estrutura familiar com a Revolução Francesa, que desafiou o patriarcado ao estabelecer a igualdade de direitos entre homens e mulheres.
A teoria da diferença sexual que surgiu, destacando diferenças anatômicas, fisiológicas e cromossômicas, redefinindo os papéis sociais e políticos de homens e mulheres.
A invenção moderna do instinto materno e amor materno questiona categorias pré-modernas. Isso reflete a mudança na posição das mulheres na sociedade.
A separação entre o público e o privado na governabilidade mostra uma hierarquia simbólica. Mulheres ganharam poder no domínio privado, refletindo uma transformação civilizatória.
A concepção de riqueza no século XIX mudou para incluir a qualidade de vida da população. Boas condições de saúde e educação passaram a ser critérios fundamentais de riqueza nacional.
A importância da mãe na administração do espaço familiar e na qualificação populacional através da gestão da qualidade de vida dos filhos.
A evolução das especialidades médicas em torno da criança e da maternidade, como a ginecologia, obstetrícia e pediatria, refletindo a importância da figura da mãe na sociedade.
Freud destacou a infância como base do psíquico e descreveu a histeria como uma forma de rebeldia feminina contra a diferença sexual.
Além da histeria, Freud abordou a melancolia feminina como uma figura da mulher derrotada pela Maternidade, oscilando entre a histeria e a melancolia.
A representação da mãe como figura esvaziada fora da maternidade e a busca por recapturar sua identidade perdida quando os filhos crescem.
A mudança na dinâmica familiar contemporânea com a saída da mulher do papel exclusivo de mãe para exigir participação na esfera pública e profissional.
Reconfiguração dos papéis parentais em famílias recasadas, levando a diferentes regimes de autoridade e desafios na socialização das crianças.
Transferência da responsabilidade de socialização primária das crianças das famílias para as instituições, como escolas, impactando o desenvolvimento infantil.
Relação entre a maternagem problemática, desinvestimento narcísico e consequências psíquicas nas crianças, gerando um aumento de patologias psicológicas na contemporaneidade.
O aumento da longevidade está impactando a família contemporânea, com a inclusão dos idosos em novos paradigmas sociais e culturais, refletindo uma revalorização da figura do idoso.
A melhoria das condições de saúde e tecnologia médica está possibilitando um aumento na idade dos idosos, levando a uma reconstrução do espaço de vida e atividades para os idosos na sociedade.
A participação das mulheres nas indústrias bélicas e sua ascensão na economia ao longo do tempo, culminando em ocupar espaços políticos de destaque.
Desafios enfrentados pelas mulheres, como a dupla jornada, a diferenciação salarial e a proletarização do trabalho feminino em atividades menos qualificadas.
Reflexões sobre a necessidade de uma mudança estrutural na família contemporânea, rompendo com estereótipos de gênero e valorizando igualdade de oportunidades.
A evolução do papel da mulher no poder, destacando a representação de Eva Perón e Dilma Roussef como extensão ou dissociação do homem.
A transformação da família e a crise do patriarcado na contemporaneidade, com a quebra de padrões de gênero e a busca por novas relações familiares.
A influência do narcisismo na sociedade contemporânea e a busca por gratificação simbolizada. A compulsão alimentar como reflexo do investimento narcísico precário.
A interdição do cigarro na sociedade brasileira e o aumento do consumo de álcool, drogas e comida como formas de preenchimento narcísico. O cenário de resistência ao tabagismo e a epidemia de obesidade.
A influência das drogas pesadas, álcool e comida na sociedade brasileira, levando a uma epidemia de obesidade como forma de preenchimento emocional.
O contraponto entre obesidade e anorexia como manifestações opostas de preenchimento emocional, relacionadas a ideais de beleza e satisfação pessoal.
A importância da revalorização da família e da divisão equitativa de responsabilidades entre homens e mulheres para garantir o apoio mútuo e evitar abdicar de conquistas pessoais.
A Revolução Francesa teve impactos significativos na estrutura familiar da época. Durante esse período de mudança social e política, muitas das tradições e normas familiares existentes foram questionadas e, em alguns casos, alteradas. Alguns dos principais impactos incluem:
1. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: A Revolução Francesa proclamou princípios de igualdade, liberdade e fraternidade, que também foram aplicados na esfera familiar. Isso levou a debates sobre a divisão de responsabilidades e poder dentro da família, desafiando a autoridade patriarcal tradicional.
2. Desmantelamento das instituições monárquicas e religiosas: A Revolução aboliu muitas das instituições tradicionais que exerciam controle sobre a estrutura familiar, como monarquia e igreja. Isso abriu espaço para novas formas de organização e relacionamento familiar.
3. Separação entre Igreja e Estado: A Revolução Francesa estabeleceu a separação entre a Igreja e o Estado, o que impactou a influência da religião na vida familiar. Isso permitiu maior liberdade religiosa e autonomia na tomada de decisões familiares.
4. Divórcio e direitos das mulheres: Durante a Revolução, foram introduzidas leis que permitiam o divórcio e que ampliavam os direitos das mulheres, reconhecendo-as como cidadãs com direitos e responsabilidades próprias. Isso impactou significativamente a dinâmica dentro das famílias.
5. Mudanças na educação: A Revolução Francesa também influenciou a educação das crianças, com a implementação de novos sistemas educacionais e a valorização da educação como um direito fundamental. Isso contribuiu para alterações na relação entre pais e filhos, bem como nas expectativas em relação à formação das futuras gerações.
Em resumo, a Revolução Francesa teve um impacto profundo na estrutura familiar da época, desafiando tradições estabelecidas e promovendo mudanças significativas na organização e dinâmica familiar.
A concepção de infância e criança passou por diversas transformações ao longo da história, refletindo mudanças sociais, culturais, econômicas e políticas. Alguns dos principais aspectos dessas transformações incluem:
1. Na Idade Média: As crianças eram consideradas mini adultos, sem um período distinto de infância. Eram frequentemente vistas como trabalhadoras desde cedo, ajudando nas tarefas familiares e comunitárias.
2. No Renascimento: Surgiu a ideia de que as crianças eram seres inocentes e puros, necessitando de cuidados especiais e educação. O filósofo John Locke falava sobre a importância de preservar a inocência da infância.
3. Século XIX: Com a industrialização e urbanização, muitas crianças passaram a trabalhar nas fábricas, o que levou a uma maior conscientização sobre a necessidade de proteção das crianças. Surgiram leis trabalhistas e movimentos em prol dos direitos das crianças.
4. Século XX: Houve um movimento em direção à valorização da infância como um período único e importante no desenvolvimento humano. Surgiram teorias psicológicas que enfatizavam a importância do brincar e do desenvolvimento emocional das crianças.
5. Atualmente: A concepção de infância continua em constante evolução, com um foco crescente na voz e nos direitos das crianças, na importância da educação infantil de qualidade e no combate à exploração e violência infantil.
Essas transformações na concepção de infância e criança refletem as mudanças nas percepções sociais sobre o papel e a importância das crianças na sociedade, bem como nas concepções sobre o desenvolvimento infantil e os direitos das crianças.
A família contemporânea enfrenta diversos desafios em relação à maternagem e à constituição subjetiva das crianças. Alguns dos desafios mais comuns incluem:
1. Conciliação entre trabalho e família: Muitos pais e mães enfrentam dificuldades para equilibrar as responsabilidades profissionais com a criação dos filhos, o que pode impactar a qualidade do tempo dedicado às crianças.
2. Pressão social e expectativas: A sociedade impõe uma série de expectativas sobre o que é ser um "bom" pai ou mãe, o que pode gerar ansiedade e culpa nos cuidadores.
3. Tecnologia e mídia: A exposição excessiva das crianças à tecnologia e mídia pode influenciar sua constituição subjetiva, moldando suas percepções e comportamentos de forma negativa.
4. Individualismo e isolamento social: O individualismo crescente na sociedade contemporânea pode levar a uma sensação de isolamento e falta de suporte para os pais na tarefa de criar os filhos.
5. Pressão por desempenho: A competitividade e a busca por sucesso podem levar os pais a colocarem uma pressão excessiva sobre as crianças, afetando sua autoestima e bem-estar emocional.
Para lidar com esses desafios, é importante que as famílias busquem apoio emocional, educacional e comunitário, promovendo um ambiente saudável e acolhedor para o desenvolvimento das crianças e para a vivência da maternagem de forma mais equilibrada e sustentável.
Referências:
Café Filosófico CPFL. “A evolução da família | Joel Birman”. YouTube, 04 Maio de 2017. 43:38 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=74uaghhoxns&t=20s . Acesso em: 23 de dezembro de 2024.
Joel Birman é professor titular e professor aposentado no Instituto de Medicina Social da Uerj. Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo, pós-doutor pela Université Paris VII, é membro de honra do Espace Analytique. Foi premiado três vezes com o Jabuti, categoria Psicanálise e Psicologia, e recebeu o Prêmio Sérgio Buarque de Holanda, categoria Ensaio Social, da Biblioteca Nacional. Pela Civilização Brasileira, publicou Ser justo com a psicanálise , O trauma na pandemia do Coronavírus , Cartografias do avesso , Cadernos sobre o mal , Mal-estar na atualidade , Gramáticas do erotismo , Arquivos do mal-estar e da resistência , O sujeito na contemporaneidade e As pulsões e seus destinos.